segunda-feira, abril 24, 2006

Esperamos um Portugal renovado, um Portugal que
nos honre, que corresponda aos anseios do 25 de Abril/74,
um país justo onde todos se possam sentir filhos e não
enteados.
25 de Abril S E M P R E

domingo, abril 23, 2006

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quinta-feira, abril 20, 2006

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ERA UMA VEZ …. (3º e último capítulo )


“Ah! Pois é! O morto está aí, ainda no seu carro! Nós não temos onde o pôr, não temos condições, ele tem que ir para a casa mortuária!”

Com este discurso o chefe do piquete preparava, com laivos de ingenuidade e de teatral preocupação, o ataque final:

“O camarada mais velho tem que fazer o favor de levar o morto!”

Chamou um tal Chico a quem pediu para acompanhar o Cooperante e para etiquetar o morto com a respectiva identificação.

“Ó Chico! Ajuda lá este senhor a levar o falecido prá casa mortuária, amarra-lhe ao pulso a identificação com uma guita e uma etiqueta.”

O Chico, relativamente ofendido e esboçando uma tímida recusa, disse que não era polícia para mortos mas sim polícia de trânsito e não sabia onde estava o material pedido para a referida identificação.

Entretanto, como é óbvio, o Cooperante estava completamente atónito com a cena que se desenrolava à sua frente, na expectativa do seu final, sem ver que saída existiria para aquele impasse.

Depois de novamente tentar largar o carro e o ocupante morto, nas mãos das autoridades, simulando uma requisição civil, lá se resolveu o problema, com a linda cena que se segue:

Cooperante ao volante, polícia de trânsito conformado ao lado do motorista, o militar atafulhado de qualquer maneira, pois eram três no lugar para dois e o nosso morto todo esparramado no banco traseiro, qual invólucro descartável de um conteúdo que esvoaçava, certamente, por perto.

Enfim, a vida, naquela altura, tinha muito pouco valor. Quando a morte esbarrava connosco, a dificuldade era resolver a parte prática e não necessariamente chorar, ou respeitar aqueles que partiam de qualquer maneira.

E assim acabou a saga do morto que apareceu inesperadamente, numa noite de verão tropical, numa estrada e que teve então direito a uma passeata pela cidade, coisa que em vida, se calhar nunca tinha tido.

O Coop. passada esta triste ocorrência acabou a noite estendido em cima da cama, meditando em tudo o que esta história o fez pensar e já não tinha fome alguma.

A moamba arrefeceu inutilmente num banco de cozinha, porque tinha perdido o seu valor.

NOTA DO AUTOR: Esta história é completamente verídica, aliás como todas as histórias que por aqui possam vir a aparecer, pois retirei-a do Baú!

quinta-feira, abril 13, 2006

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FELIZ PÁSCOA PARA TODOS!!!

Para todos os amigos que me visitam, os que conheço pessoalmente e aqueles a quem só conheço virtualmente, desejo uma boa Páscoa, cheia de folares e amêndoas.

Beijos e abraços para todos!

quarta-feira, abril 12, 2006

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ERA UMA VEZ...(CAP.2)


O cóop. Sentiu instalar-se no corpo uma náusea que parecia mexer com todos os órgãos do abdómen , lhe apertava a garganta não o deixando emitir qualquer som e lhe toldava a vista, como se uma tontura o transportasse para outro mundo.
Uma maca, a mesma que tinha sido usada para transportar o ferido, saía também pela porta do banco como que puxada por uma “junta de enfermeiros” igualzinhos, carecas por fora e por dentro. O corpo vinha descoberto, como tinha entrado, e tinha o braço esquerdo curvado sobre a testa, como que a não querer ver. Deve ter morrido a não querer ver o que deixava para trás.
“ Quem o trouxe que o leve ,que aqui não é casa mortuária”
Finalmente o cóop conseguiu, começar a pensar,: reviu os passos que o conduziram àquele quadro dantesco, os gemidos que registou durante o transporte davam-lhe a certeza que tinha trazido um vivo e não um cadáver. Queria pôr-se de fora mas não o deixavam! Lembrou-se da muamba que o esperava, sentiu que estava a iniciar-se uma luta, não contra a fome, mas contra um sistema onde a vida valia menos que uma muamba fria. Virou-se para o militar que o tinha metido nesta alhada: ”Então responsabilize-se lá, como disse há pouco que faria!
O infeliz militar não sabia onde se meter, lamentava-se por ter nascido naquela terra, pedia desculpa, que nunca mais voltaria a fazer que não havia direito etc. etc.
O cóop já não tinha dúvidas , mas confirmou que estava mais que sozinho, perante um poder bestial numa noite escura, rodeado de mentes escuras, no pátio escuro, de um hospital escuro, onde invocar qualquer direito de cidadania parecia uma anedota.
“Quando eu o trouxe não era cadáver, era um ser vivo que vos foi entregue para ser tratado e salvo se possivel!”
“ah.ah.ah, se calhar foi você que o atropelou! Então tome-o lá e leve-o daqui”.
Nesta altura a maca ultrapassou a junta de tracção animal e rolou até ao cóop. que a imobilizou para que a viagem não fosse mais longa e não se estatelasse contra o renault 4 de cor vermelha e vermelho por dentro. Quando olhou novamente para a porta do banco viu os dois carecas de bata branca, já de costas, de regresso à sua humanitária missão..... Junto ao cóop. postaram-se os dois polícias do piquete de serviço, com ar cândido e um sorriso a preto e branco, como quem se propõe fazer um favor , ou dar uma informação útil: “ O camarada mais velho tem que lévar o morto para a judiciária!
Nós já contactamos o chefe pelo rádio e dissemos qui vocês iam mesmo mesmo a sair
daqui.”.
“ Nós quem? Eu vou lá, levo comigo este militar que tem vindo a acompanhar-me e de seguida vou para casa que já estou atrasado!”
“Está bem, nas leva o morto consigo!”
“Então tome as chaves do carro , requisitado por si, com a sua autoridade, transporte o morto para a judiciária e eu fico aqui a aguardar, sob prisão se quiserem!”
“Não pode ser, o camarada mais velho deve levar as coisas a bem... eu não sei guiar e o morto não pode ficar aqui!” Enquanto isto, as mãos esquerdas de ambos acariciavam as coronhas das pistolas, que sobressaíam das respectivas bolsas.
“ OK você leva o morto e, como não sabe guiar, eu guio o carro até lá” Foi o melhor que o cóop. conseguiu e lá foram a caminho da judiciária: à frente o cóop.,o militar e o polícia e a trás o morto ,deitado, ocupando dois lugares e ainda com o braço esquerdo dobrado sobre a fronte a não querer ver o que lhe estava a acontecer.
Chegados á judiciária, saíram os vivos, ficou o morto .
O coop. Foi apresentado ao chefe de serviço que o recebeu com um sorriso mais ou menos familiar e que o convidou a sentar-se.
“O camarada mais velho está com sorte!”
Com esta o cóop. quase consegui rir! Felizmente não o fez porque sairia com certeza qualquer coisa delirante e desabrida a indiciar princípios de loucura.
“Então o que seria se eu não tivesse sorte!”
“ Tinha que ficar preso até que o culpado aparecesse! Mas felizmente para si o culpado veio entregar-se há pouco. Vinha com excesso de velocidade! Fugiu para não ser apanhado pelo povo. E já está preso. Portanto o camarada mais velho pode ir-se embora, e muito obrigado.”
O cóop. sentiu momentaneamente uma sensação de alívio, estava livre! Livre, absolvido , sem qualquer culpa e finalmente alguém reconheceu e lhe agradeceu o acto humanitário! Finalmente podia ir comer a sua muamba e descansar do dia de trabalho e das emoções das ultimas horas! Levantou-se dispunha-se a sair, ia começar as despedidas mas, de repente, novamente uma nuvem negra pairou sobre a sua cabeça! Lembrou-se do 4º passageiro do renault e um frio pressentimento deixou-o tenso e angustiado!
Virou-se para o chefe e perguntou:
E o morto que está no meu carro? Vai dormir comigo?.....

domingo, abril 02, 2006

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ERA UMA VEZ - CAPÍTULO I

Num pais do terceiro mundo( dito em vias de desenvolvimento), às 8 horas da noite um cóperante vai para casa depois de um dia de bastante trabalho, ao volante do seu Renault 4, sentindo um ratito no estômago a dar horas e a pensar na”moamba” que o espera.

De repente, uma barreira de gente fá-lo parar e da mole sombria destaca-se um militar que informa o que tinha acontecido e implora apoio. Sobre o alcatrão jaz um corpo de homem que mal se distingue, cuja posição é assinalada por uma mancha vermelha de sangue, resultado de um atropelamento recente.

O militar pede então que o homem seja transportado ao hospital, pois caso contrário a morte aproxima-se rapidamente.

Militar: Camarada mais velho! Faça um acto de caridade, leve este homem ao hospital que eu assumo a responsabilidade e acompanho-o.

Perante este quadro, não podendo recusar, o cóperante pôs à disposição dos presentes os lugares vagos que tinha no carro, o ferido foi deitado no banco traseiro, o militar entrou para acompanhar e seguiram para o hospital.

Chegados ao Banco de urgências, deserto de funcionários e cheio de clientes doentes, entraram para chamar um médico ou enfermeiro para socorrer o doente.

Nada! Não havia ninguém para isso!

Pegaram numa maca, colocaram o ferido, levaram-no para o interior do “banco” e depois de mais uma busca encontraram um grupo de médicos a quem deram conhecimento da ocorrência.

Quando saiam, foram interceptados pelo piquete da Policia em serviço, sendo o cóperante referido como socorrista, identificado e avisado de que teria que ir à Sede da Polícia Judiciária.

Cumpridas as formalidades e quando se propunham abandonar o local, as portas de vai e vem do “banco” abrem-se, saem de lá dois enfermeiros de cabeça rapada,que pareciam gémeos e dizem:

Quem é que trouxe para aqui este cadáver???

FIM DO 1º CAPÍTULO DA SAGA….