ERA UMA VEZ …. (3º e último capítulo )
“Ah! Pois é! O morto está aí, ainda no seu carro! Nós não temos onde o pôr, não temos condições, ele tem que ir para a casa mortuária!”
Com este discurso o chefe do piquete preparava, com laivos de ingenuidade e de teatral preocupação, o ataque final:
“O camarada mais velho tem que fazer o favor de levar o morto!”
Chamou um tal Chico a quem pediu para acompanhar o Cooperante e para etiquetar o morto com a respectiva identificação.
“Ó Chico! Ajuda lá este senhor a levar o falecido prá casa mortuária, amarra-lhe ao pulso a identificação com uma guita e uma etiqueta.”
O Chico, relativamente ofendido e esboçando uma tímida recusa, disse que não era polícia para mortos mas sim polícia de trânsito e não sabia onde estava o material pedido para a referida identificação.
Entretanto, como é óbvio, o Cooperante estava completamente atónito com a cena que se desenrolava à sua frente, na expectativa do seu final, sem ver que saída existiria para aquele impasse.
Depois de novamente tentar largar o carro e o ocupante morto, nas mãos das autoridades, simulando uma requisição civil, lá se resolveu o problema, com a linda cena que se segue:
Cooperante ao volante, polícia de trânsito conformado ao lado do motorista, o militar atafulhado de qualquer maneira, pois eram três no lugar para dois e o nosso morto todo esparramado no banco traseiro, qual invólucro descartável de um conteúdo que esvoaçava, certamente, por perto.
Enfim, a vida, naquela altura, tinha muito pouco valor. Quando a morte esbarrava connosco, a dificuldade era resolver a parte prática e não necessariamente chorar, ou respeitar aqueles que partiam de qualquer maneira.
E assim acabou a saga do morto que apareceu inesperadamente, numa noite de verão tropical, numa estrada e que teve então direito a uma passeata pela cidade, coisa que em vida, se calhar nunca tinha tido.
O Coop. passada esta triste ocorrência acabou a noite estendido em cima da cama, meditando em tudo o que esta história o fez pensar e já não tinha fome alguma.
A moamba arrefeceu inutilmente num banco de cozinha, porque tinha perdido o seu valor.
NOTA DO AUTOR: Esta história é completamente verídica, aliás como todas as histórias que por aqui possam vir a aparecer, pois retirei-a do Baú!
“Ah! Pois é! O morto está aí, ainda no seu carro! Nós não temos onde o pôr, não temos condições, ele tem que ir para a casa mortuária!”
Com este discurso o chefe do piquete preparava, com laivos de ingenuidade e de teatral preocupação, o ataque final:
“O camarada mais velho tem que fazer o favor de levar o morto!”
Chamou um tal Chico a quem pediu para acompanhar o Cooperante e para etiquetar o morto com a respectiva identificação.
“Ó Chico! Ajuda lá este senhor a levar o falecido prá casa mortuária, amarra-lhe ao pulso a identificação com uma guita e uma etiqueta.”
O Chico, relativamente ofendido e esboçando uma tímida recusa, disse que não era polícia para mortos mas sim polícia de trânsito e não sabia onde estava o material pedido para a referida identificação.
Entretanto, como é óbvio, o Cooperante estava completamente atónito com a cena que se desenrolava à sua frente, na expectativa do seu final, sem ver que saída existiria para aquele impasse.
Depois de novamente tentar largar o carro e o ocupante morto, nas mãos das autoridades, simulando uma requisição civil, lá se resolveu o problema, com a linda cena que se segue:
Cooperante ao volante, polícia de trânsito conformado ao lado do motorista, o militar atafulhado de qualquer maneira, pois eram três no lugar para dois e o nosso morto todo esparramado no banco traseiro, qual invólucro descartável de um conteúdo que esvoaçava, certamente, por perto.
Enfim, a vida, naquela altura, tinha muito pouco valor. Quando a morte esbarrava connosco, a dificuldade era resolver a parte prática e não necessariamente chorar, ou respeitar aqueles que partiam de qualquer maneira.
E assim acabou a saga do morto que apareceu inesperadamente, numa noite de verão tropical, numa estrada e que teve então direito a uma passeata pela cidade, coisa que em vida, se calhar nunca tinha tido.
O Coop. passada esta triste ocorrência acabou a noite estendido em cima da cama, meditando em tudo o que esta história o fez pensar e já não tinha fome alguma.
A moamba arrefeceu inutilmente num banco de cozinha, porque tinha perdido o seu valor.
NOTA DO AUTOR: Esta história é completamente verídica, aliás como todas as histórias que por aqui possam vir a aparecer, pois retirei-a do Baú!
3 Comments:
Ora até que enfim...THE END!!!
Puxa deves ter passado coisas estranhas na tua vida, pois parece-me que o relato deve ser pessoal.
Imagino as histórias que tens no Baú!
Beijinho,
Ora bem! Que história complicada ó Baú!
Que grande enrascadela...foste mesmo tu???
Beijinho.
4.º Comentário... (que sina. Sou sempre a 4.ª)
Bem, mas desta vez, tenho prioridade, com licença, com licença. Eu já conhecia a história. Ouvi-a contada pela própria voz do autor. Mas, sempre vos digo, que escrita é outra coisa!
Um beijo
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